Estudantes relatam atmosfera de tensão e insegurança na Uerj após fim da ocupação estudantil

Na manhã desta terça (24), o campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no Maracanã, apresentava um ambiente inusitadamente vazio. O aumento da presença policial e o trabalho intensificado de equipes de limpeza evidenciam o fim da ocupação estudantil, encerrada na última sexta-feira.

Entretanto, uma atmosfera de tensão e insegurança ainda persiste após os confrontos com a polícia, incluindo o uso de bombas de efeito moral foram relatados pelos alunos ao veículo de informação O GLOBO.

Uma assembleia está prevista para esta quarta (25), onde os alunos decidirão se a greve será mantida ou encerrada. A Uerj, por sua vez, informou que ainda avalia os prejuízos da ocupação e mencionou o desaparecimento de discos rígidos com informações sensíveis.

A ocupação, iniciada em 26 de julho, foi uma forma de protesto contra mudanças nos critérios de concessão da Bolsa Auxílio Vulnerabilidade Social (BAVS), que afetam diretamente estudantes em situação de vulnerabilidade. O movimento também criticou cortes no auxílio-alimentação e alterações no auxílio para material didático, que passou de semestral para anual, o que pode levar muitos alunos a perderem os benefícios.

Na última sexta-feira, a situação se agravou quando a Justiça autorizou o uso de força policial para desocupar o campus. O Batalhão de Choque da Polícia Militar entrou na universidade, dispersando os manifestantes com bombas de efeito moral, o que resultou em confrontos e a prisão de três estudantes, além do deputado federal Glauber Braga (PSOL), que apoiava os alunos.

Em nota, a Uerj afirmou que não concorda com ameaças ou perseguições e orientou os alunos a utilizarem os canais das ouvidorias da Uerj e da PM para registrar denúncias, assegurando a apuração dos fatos. A universidade também está investigando os danos ao patrimônio e buscando identificar os responsáveis pelas depredações.

A Uerj destacou que, após reuniões com representantes estudantis, novas diretrizes foram publicadas no dia 10 de setembro, criando um regime de transição para os critérios de concessão de bolsas de assistência estudantil. As novas determinações incluem um pagamento de R$ 500 como bolsa de transição, R$ 300 de auxílio-transporte e tarifa zero nos restaurantes universitários, ou auxílio-alimentação de R$ 300 nos campi que não possuem restaurante.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Arquivo OnBus