Especialista avalia que mudanças na ONU defendidas por Lula têm poucas chances de avançar

As reformas na ONU defendidas pelo presidente Lula são pouco prováveis de ocorrer em um horizonte próximo, diz especialista em relações internacionais entrevistada pelo portal R7. Entre os obstáculos pontuados, estão as divergências internas dos países-membros e a posição brasileira em relação a temas polêmicos, como a situação de Venezuela e a Nicarágua, países governados por regimes autoritários.

Em discurso na abertura da 79ª Assembleia Geral, nessa terça (24), Lula criticou a ONU e pediu revisão da Carta Magna da instituição por não abordar “de alguns dos desafios mais prementes da humanidade”. O presidente sustentou que apenas quatro emendas foram aprovadas — todas entre 1965 e 1973 — e que na data de fundação a entidade contava com 51 países — hoje, são 193.

Entre os pedidos de mudança, Lula defendeu os seguintes pontos: Transformação do Conselho Econômico e Social no principal foro para o tratamento do desenvolvimento sustentável e do combate à mudança climática, com capacidade real de inspirar as instituições financeiras e o fortalecimento da Comissão da Consolidação da Paz, por exemplo.

Procurada pelo R7, a professora de relações internacionais e doutora em ciência política pela USP (Universidade de São Paulo), Denilde Holzhacker indicou que o debate a respeito de mudanças na ONU tem avançado pouco.

“Alguns pontos da proposta de reforma vêm sendo defendidos há anos pelo Itamaraty, que argumenta que os mecanismos de decisão e participação dos países devem ser democratizados. No entanto, essa proposta esbarra na lógica de falta de consenso dos países, especialmente daqueles que têm poder de veto [no Conselho de Segurança]”, comentou ela.

Denilde complementou dizendo que o Brasil tem ficado cada vez com uma capacidade reduzida de liderar qualquer mudança.

“Pela ambiguidade em diversas situações recentes, como a Venezuela e a Nicarágua. A visão brasileira é vista como imparcial em alguns eventos recentes”, acredita ela.

 

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Escrito por: Rafael Ajooz