Eminem aborda acusações criminosas contra Sean ‘Diddy’ Combs em várias faixas de novo álbum

Eminem aborda as alegações de abuso e agressão sexual contra Sean ‘Diddy’ Combs em várias faixas de seu novo álbum, “The Death of Slim Shady (Coup de Grâce)”, lançado em 12 de julho. Diddy, rapper e produtor de 54 anos, foi preso em Nova York no dia 16 de setembro, enfrentando acusações de tráfico sexual, agressão e associação criminosa.

Reconhecido como um dos magnatas do hip-hop, Diddy é uma figura proeminente na indústria fonográfica americana. Nos últimos dias, o caso ganhou destaque nas redes sociais, acompanhado por teorias e especulações sobre a possível omissão de figuras do seu círculo, como Beyoncé e Jay-Z.

Embora Diddy tenha sido preso recentemente, as alegações contra ele já circulam há algum tempo, acompanhadas de diversas polêmicas. Para mais informações, é possível conferir uma linha do tempo detalhando as controvérsias e disputas legais associadas a ele.

A rivalidade entre Eminem e Diddy é longa, remontando a mais de duas décadas, com Eminem frequentemente incluindo críticas, piadas e rumores sobre Combs em suas letras. Essas faixas, conhecidas como diss tracks, são uma forma comum no rap em que artistas se atacam ou provocam por meio da música. O primeiro ataque significativo ocorreu em 2000, quando Eminem lançou a canção “I’m Back”, na qual faz referência a Diddy e sua então namorada, Jennifer Lopez. Eminem canta que, se tivesse que escolher uma artista da indústria, seria J.Lo, e se despede de Diddy com a linha: “Desculpe, Puff, mas eu não dou a mínima”, referindo-se ao apelido de Combs. Ao longo dos anos, Eminem continuou a fazer menções cortantes ao rapper.

A seguir, confira as faixas do The Death of Slim Shady (2024) onde Eminem se refere a Diddy, seja mencionando seu nome diretamente ou utilizando trocadilhos e jogos de palavras.

Na faixa “Fuel,” Eminem alude aos rumores que sugerem a possível implicação de Sean ‘Diddy’ Combs na morte de Tupac Shakur, conhecido como 2Pac, em 1996, e de The Notorious B.I.G., ou Biggie, em 1997. Em 2018, Eminem já havia insinuado essa conexão ao assassinado de Tupac em sua diss “Killshot.” É importante ressaltar que não existem confirmações legais que sustentem esses rumores.

Na letra, Eminem utiliza um trocadilho impactante:

“I’m like a R-A-P-E-R / Got so many S-As / Wait, he didn’t just spell the word, ‘Rapper’ and leave out a P, did he? (Yep) / R.I.P., rest in peace, Biggie / And Pac, both of y’all should be living.”

A tradução para o português seria:

“Sou como um estuprador / Tenho um monte de BOs / Espera, ele soletrou mesmo rapper só que sem um p? (Aham) / Descanse em paz, Biggie / E Pac, vocês dois deveriam estar vivos.”

Esse jogo de palavras é significativo: ao remover a letra “P” da palavra “rapper,” ela se transforma em “raper,” que significa “estuprador” em inglês. A sigla “S-As,” mencionada na letra, refere-se a “sexual assaults,” que se traduz como “agressões sexuais.” Essa abordagem de Eminem revela não apenas sua habilidade lírica, mas também o tom provocativo e polêmico que permeia sua música.

Na faixa “Antichrist,” Eminem utiliza críticas contundentes e referências a figuras públicas, uma característica marcante de seu estilo. Nesta canção, o rapper menciona diretamente Sean ‘Diddy’ Combs ao abordar as acusações de abuso sexual e agressão feitas pela cantora Cassie, ex-namorada de Diddy.

A letra traz uma linha provocativa:

“Ghastly, and insidious as me, or spitting as nasty? / Next idiot ask me is getting his ass beat worse than Diddy did-”

A tradução seria:

“Tão repugnante e insidioso quanto eu ou mandando rimas tão sujas? / O próximo idiota que me perguntar vai levar uma surra pior do que Diddy fez com a -”

Embora o nome de Cassie não seja mencionado explicitamente, a estrutura da rima sugere sua inclusão, já que a palavra é cortada no final do verso.

Em novembro de 2023, Cassie Ventura entrou com uma ação no tribunal federal dos Estados Unidos, alegando que Diddy a estuprou e a agrediu fisicamente ao longo de aproximadamente uma década. Combs, por meio de seu advogado, negou as acusações. No dia seguinte à apresentação do processo, as partes chegaram a um acordo para resolver a questão, mas os detalhes do acordo não foram divulgados.

Além disso, em maio deste ano, a CNN revelou um vídeo de segurança de um hotel que mostra Diddy agredindo fisicamente Cassie. A gravação, datada de 2016, levou o rapper a emitir um pedido de desculpas público por suas ações. A inclusão desses elementos na letra de “Antichrist” destaca o contexto sombrio das alegações e a habilidade de Eminem em abordar questões controvertidas através de sua música.

Na faixa “Bad One,” Eminem faz alusão a uma alegação contida no processo judicial de Cassie Ventura, na qual ela afirma que Sean ‘Diddy’ Combs teria tentado explodir o carro do rapper Kid Cudi em 2012, após descobrir que ele estava interessado nela.

O documento legal relata: “Sr. Combs disse à Sra. Ventura que iria explodir o carro de Kid Cudi e que queria garantir que Kid Cudi estivesse em casa com os amigos quando isso acontecesse. Naquela época, o carro de Kid Cudi explodiu na entrada de sua garagem.”

Na letra da canção, Eminem expressa:

“The fucking bomb with the puffy on / I’m blowing up for Kid Cudi’s car / In front of his house where all his buddies are / Just another day at the office.”

A tradução para o português seria:

“A bomba mesmo, de casaco e tudo / Estou explodindo pro carro do Kid Cudi / Na frente da casa dele, onde todos os amigos dele estão / Apenas mais um dia no escritório.”

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Eminem Brasil