A Substância: Terror com Demi Moore premiado em Cannes, faz crítica feminista sobre objetificação ao corpo
Em “Vingança” (2017), anterior filme da diretora francesa Coralie Fargeat, os homens já não se mostravam tão atraentes. Em “A substância”, avançamos um degrau: o foco é a dominação masculina que converte corpos femininos em produtos na sociedade consumista. Corpos que devem ser jovens e “atraentes”. Neste espremedor de laranjas, Elisabeth (interpretada, com toda a confusão entre atriz e personagem, por Demi Moore, 61 anos).
Ela teve seus momentos de glória, sendo uma estrela na calçada da fama de Hollywood, porém, ela deixou a desejar no programa de ginástica que apresenta na televisão. Quem inicia? O chefe do canal, interpretado por Dennis Quaid, que sintetiza de maneira cômica os estereótipos de vulgaridade e maldade presentes na ação masculina. O anseio por “carne fresca” na tela levou Elisabeth a procurar um milagre científico de rejuvenescimento (como em um episódio da série “Black Mirror”).
Fargeat ganhou o prêmio de roteiro mais inovador no Festival de Cannes deste ano, pelo cavalo de paus que realiza após a meia hora inicial. Inicia-se ali, com a aparição de Sue (Margaret Qualley, de “Tipos de Gentileza”), uma alucinada fantasia de horror, cínica na criação de um universo onde a mistura de erotismo e agressividade só pode resultar em morte.
Por: Carolina Sepúlveda
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