Stephanie Lourenço, ex-Paquita da geração 2000, denunciou ter sofrido homofobia durante os anos em que trabalhou no Xou da Xuxa. A revelação foi feita na série documental ‘Para sempre Paquitas’, disponível no Globoplay.

Vinte anos após sua saída do programa, ela revelou publicamente ser bissexual. Na época, a artista já não se identificava com as exigências impostas por Marlene Mattos para ocupar o cargo.

“Chegou uma fase da minha vida ali, que eu já não me identificava com aquela feminilidade, com aquelas danças. Eu comecei a perceber que eu gostava de meninas e também comecei a perceber que eu não me sentia tão a vontade naquele lugar, apesar de eu amar aquele lugar. E eu, já me descobrindo como parte da comunidade LGBT, não era o que se esperava de uma Paquita. Eu sofri um tanto de homofobia ali naquela fase que foi difícil, mas eu era muito corajosa”

Ela revelou ter sido alvo de homofobia, sendo chamada de “sapatão” por uma pessoa que abusava dela psicologicamente. Os episódios de assédio ocorreram durante todo o período em que trabalhou como assistente de palco.

“Para as pessoas que eu podia falar, eu falava (que gostava de meninas). Eu gostava de falar. As meninas achavam curioso. Eu contava algumas fofocas para ela, elas ficaram curiosas e me apoiavam. A pressão era dos adultos em volta. Alguém me chamou de sapatão ali no ambiente do camarim. E tinha um produtor que disse: ‘você nunca mais repita isso aqui’. E era uma pessoa que foi abusiva moralmente comigo durante todo o meu percurso, que me chamava atenção e falava: ‘você tem que se vestir igual às meninas’. ‘Você está muito desleixada’. Era coisa que chegava em mim, tipo: ‘Ah, as meninas precisam tomar cuidado com a Stephanie, porque ela gosta de meninas’. E aí, o medo de ser julgada, de perder minhas amigas…”

Xuxa, no documentário, afirmou que não sabia da sexualidade de Stephanie.

“Ela nunca me falou. Ela era muito fechada”

Stephanie desabafou:

“Eu estava pronta para falar que eu não era, ali naquele momento, mas, por algum motivo, eu não falei, e acabei ficando 20 anos dentro do armário, depois de tudo isso. E eu vi que eu me reprimi de uma forma muito violente por muitos anos. Era uma metade de mim que eu esqueci. Só que quando eu reencontrei também, veio muito forte. Me senti uma potência muito grande e tenho muito orgulho de dizer hoje que eu sou uma mulher bissexual. Eu sinto que agora eu sou eu”

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Arquivo e Globoplay