Ira Etz expõe na Galeria Paçoca, na Gávea

Ira Etz é um dos mitos da Ipanema revolucionária, uma das primeiras garotas modernas do bairro que seria o mais moderno do Brasil – mas tudo isso é pra lá de sabido, verbete de livro do Ruy Castro, item fundamental no almanaque nacional das glórias femininas e com direito à foto em que ela aparece metida num biquíni, uma das pioneiras no uso do traje no Arpoador.

A Ira Etz pintora é menos conhecida, embora telas e tintas estejam em sua vida antes mesmo do biquíni de duas peças. Ela é neta de pintor (Arthur Kaufmann, expressionista alemão radicado nos Estados Unidos) e filha de pintor (Hans Etz, paisagista que documentou a serra de Friburgo). Ira aperfeiçoou esse DNA em aulas com Caterina Baratelli, Luciano Maurício, e também como aluna dos cursos no Parque Lage onde teve mestres como Maria do Carmo Secco, Orlando Mollica e Chico Cunha.

Figurativista de início, aos poucos Ira Etz foi se libertando das formas, expressando sua arte no espocar das cores. Agora, ela deixa sair de seu ateliê, no meio da floresta do Horto, uma produção baseada na beleza simples do gesto inaugural. O pincel passa na tela em branco e, nesse primeiro e único movimento, jamais retocado, deixa eternizada a poesia de suas cerdas.

Ousada? Claro – é da índole de uma Garota de Ipanema.

 

Texto Joaquim Ferreira dos Santos