PIB em alta eleva preocupação com inflação e Banco Central deve iniciar alta dos juros
A surpresa com crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, muito acima da expectativa média de 0,9%, levou a uma série de revisões para cima nas projeções para o desempenho da economia este ano. Analistas de mercado esperam alta em torno de 3% e outros já preveem crescimento de 3,3%.
Ouvidos pelo jornal O GLOBO, economistas acreditam que o impulso que o PIB do segundo trimestre deixa para o resto do ano está entre 2,5% e 2,9%. Isso implica que, se o PIB não crescer nada no terceiro e no quarto trimestres, a alta anual, que leva em conta o desempenho da atividade econômica ao longo de todo o ano, já seria de pelo menos 2,5%. E já que os economistas estão prevendo expansão nos próximos trimestres, o crecimento seria maior que os 2,5%.
Depois da divulgação dos números do PIB, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo também deve revisar as projeções de crescimento de 2024. Para ele, a equipe econômica espera que o PIB possa superar um avanço de até 2,8% neste ano:
“A projeção da SPE (Secretaria de Política Econômica) que estava para ser atualizada, estava em 1,35%, então veio 1,4%, muito em linha com as projeções da SPE. Agora nós vamos provavelmente reestimar o PIB para o ano, que deve, pela força com que ele vem se desenvolvendo, superar em 2,7%, 2,8% e há instituições que já estão projetando um PIB superior a 3%”, afirmou Haddad.
Com o crescimento maior que o previsto, o Banco Central pode se ver pressionado a aumentar a taxa básica Selic (hoje em 10,5% ao ano), em meio a projeções que colocam a inflação acima da meta.
“Com a bandeira vermelha afetando a conta de energia, o IPCA já chega a 4,5% este ano, considerando que a bandeira permaneça nesse patamar até o final do ano. Se adicionarmos a pressão de demanda que vem acelerando, o BC não terá alternativa a não ser subir os juros em setembro. A chance maior era de 0,25 (ponto percentual), mas a possibilidade de alta de 0,5 (ponto percentual) aumentou e deve se consolidar”, diz o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.
O banco ABC Brasil também elevou sua estimativa para a Selic ao fim de 2024, de manutenção da taxa em 10,5% ao ano para 11,25%.
O economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, acredita que não haverá outro caminho para o Banco Central ao não ser aumentar juros:
“Os dados muito fortes de demanda doméstica de hoje aumentam significativamente as chances de um aumento de taxa na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de setembro. Em nossa avaliação, houve uma clara deterioração do cenário de inflação doméstica”, disse em relatório.
Créditos da imagem: Divulgação/Redes Sociais
Escrito por: Rafael Ajooz