MP pede ao TCU para avaliar consequências do bloqueio do ‘X’ ao Brasil e aos brasileiros

O MP (Ministério Público) solicitou ao TCU (Tribunal de Contas da União) que avalie os desdobramentos do bloqueio determinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na rede social X (antigo Twitter) para o Estado brasileiro e para os brasileiros, a curto e a longo prazo e remeter o resultado deste trabalho aos presidentes da própria Corte e do Congresso Nacional. O MP declarou que “é inegável o importante papel do STF na proteção da Constituição e dos direitos fundamentais”.

A Primeira Turma do STF decidiu, por unanimidade, manter a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que ordenou a suspensão das atividades do X no Brasil após a plataforma não indicar um representante legal ao tribunal. Por meio do sistema eletrônico do STF. os ministros votaram e Flávio Dino, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Luiz Fux acompanharam o voto de Moraes, que é o presidente da Turma, em favor da manutenção da suspensão.

“Para isso, o STF pode determinar ações para conter abusos ocorridos nas redes sociais, como os que vinham ocorrendo no X, principalmente após a aquisição da rede pelo empresário Elon Musk, que ele implementou mudanças na plataforma relacionadas à moderação de conteúdo, a qual foi vista por alguns críticos como um relaxamento nas regras que poderiam permitir a disseminação de desinformação e discurso de ódio”, disse o subprocurador-geral do Ministério Público Junto ao Tribunal de Contas da União, Lucas Rocha Furtado, que assina o documento.

O MP  declarou ainda que estimativas disponíveis em pesquisas na internet indicam que o Brasil poderia representar cerca de 10% a 15% dos usuários ativos do X.

“Assim, a decisão possui impacto significativo na rede social e afeta um número significativo de brasileiros que utilizam o X como meio de comunicação”, disse ele.

O MP acredita que o conflito entre as autoridades constituídas nos países, no caso o STF, e os líderes de tecnologia, no caso Elon Musk, se intensificou em razão de questões relacionadas à desinformação e moderação; responsabilidade das plataformas sobre o conteúdo divulgado por meio delas; e direitos e liberdade de expressão.

“Assim, o debate acabou refletindo questões mais amplas sobre a linha tênue entre liberdade de expressão e a necessidade de controlar conteúdos prejudiciais à sociedade nas redes sociais, gerando uma crescente tensão entre líderes de tecnologia e autoridades governamentais sobre como as plataformas devem operar e quais responsabilidades têm em relação ao conteúdo que hospedam, especialmente em um contexto de polarização política e desafios à democracia, como o que vivemos atualmente no Brasil”, afirmou ele.

Créditos da imagem: Divulgação/Commons

Escrito por: Rafael Ajooz