Procurador especial dos EUA revisa ação contra Trump por interferência nas eleições de 2020

O conselheiro especial de Justiça dos Estados Unidos, Jack Smith, emitiu nesta terça-feira(28) acusações revisadas contra Donald Trump pelas supostas tentativas do ex-presidente de interferir nas eleições de 2020 após perder a disputa. A formulação atualizada tenta se adequar à recente decisão da Suprema Corte que concede imunidade contra processos criminais por atos oficiais feitos por ex-chefes de Estado. A decisão aprovada pela Corte, no entanto, afirma que o mesmo não se aplica para atos como pessoa física, fora das competências do cargo.

Trump nega as acusações de que pressionou autoridades para reverter os resultados e tentou incentivar um motim no Capitólio dos Estados Unidos para atrasar a certificação de vitória de Joe Biden. Especialistas ouvidos pela rede britânica BBC indicam que é improvável que o caso chegue ao tribunal antes da eleição de 5 de novembro – assim como os demais processos criminais que ele enfrenta. As mudanças no processo, entretanto, são uma tentativa de mantê-lo ativo após a decisão da Suprema Corte.

O texto revisado manteve as quatro acusações criminais contra Trump: conspiração para defraudar os EUA e obstruir um procedimento oficial, tentativa de obstrução de um procedimento oficial e conspiração contra direitos. Entretanto, foram removidas quaisquer menções que pudessem ser interpretadas como relacionadas a atos oficiais de Trump como presidente: o texto se refere ao republicano como candidato político. O novo tom ficou aparente desde o primeiro parágrafo, que classificou Trump como “um candidato à Presidência dos Estados Unidos em 2020”. A acusação original referia-se a ele como “o 45º Presidente dos Estados Unidos e um candidato à reeleição em 2020”.

A nova acusação chegou poucos dias antes de os advogados de Trump e os adjuntos de Smith fornecerem à juíza responsável pelo caso, Tanya Chutkan, suas propostas sobre a imunidade no caso. As duas partes ainda devem apresentar documentos à magistrada nesta sexta-feira (30) com indicações sobre como gostariam de proceder. Além disso, o texto foi apresentado antes do início da chamada regra dos 60 dias, prática interna – e não escrita – do Departamento de Justiça que pede para evitar tomar medidas processuais explícitas que possam influenciar como as pessoas votam dentro de dois meses de uma eleição.

Trump alegou, nas redes sociais, ser inocente e criticou a nova acusação de Smith. Ele redigiu que a medida é “um esforço para ressuscitar uma ‘caça às bruxas’ e ‘distrair o povo americano’” das eleições.

Em apuração da CBS News, uma fonte da equipe jurídica do republicano afirmou que a acusação “não foi uma surpresa”, e que “é o que o governo deveria fazer com base no que a Suprema Corte decidiu”. Ela destacou, entretanto, que “isso não muda” a posição da equipe, que classifica o caso de Smith “falho”.

Créditos da imagem: Reprodução/Youtube

Escrito por: Rafael Ajooz