Pesquisa da Unirio mostra que leite materno de mães com HIV pode ser seguro com tratamento correto

Uma pesquisa realizada pela Unirio indica que, quando o tratamento antirretroviral é feito de forma correta e contínua, a transmissão do vírus HIV pelo leite materno pode ser significativamente reduzida, e em alguns casos, até mesmo indetectável.

A pesquisa analisou o colostro, o primeiro leite produzido após o parto, de 30 mulheres com HIV. Dentre as 14 amostras analisadas, apenas uma apresentou carga viral detectável. Segundo os pesquisadores, essa amostra pertencia a uma mulher que havia interrompido o tratamento no final da gestação. Nas demais participantes, que mantiveram o tratamento contínuo, o vírus não foi detectado no leite materno.

Os resultados desafiam as diretrizes atuais que, em muitos países, ainda recomendam que mulheres com HIV não amamentem seus filhos. Nos Estados Unidos, por exemplo, as diretrizes já foram atualizadas, permitindo o aleitamento materno para mulheres com HIV cuja carga viral seja indetectável.

Yasmin Nickoli, uma das participantes do estudo, diagnosticada com HIV há cinco anos, não pode amamentar seu filho de um mês e relata os desafios de alimentar o bebê com fórmula.

“Desde o início eu já sabia que não poderia amamentar e, pra mim, foi bem difícil. Eu cheguei em casa e tive crise de choro, chorava muito por conta disso”

Os pesquisadores ressaltam que os resultados da pesquisa são promissores, mas ainda são preliminares. Novos estudos são necessários para confirmar os achados e estabelecer diretrizes mais claras sobre o aleitamento materno em mulheres com HIV.

O professor e pesquisador Rafael Braga questiona:

“O avanço é ter um estudo como esse no país, porque essa é uma determinação antiga e que não se questionava. Por que essas mulheres que vivem com HIV não podem amamentar se quando a carga viral está indetectável é possível até o sexo sem preservativo?”

A pesquisa reforça a importância do tratamento antirretroviral para as mulheres com HIV. O uso contínuo e adequado dos medicamentos é fundamental para controlar a carga viral e reduzir o risco de transmissão do vírus para o bebê, tanto durante a gestação quanto durante o aleitamento materno.

Por: Beatriz Queiroz

Foto: Arquivo OnBus