Barroso defende regulamentação da Inteligência Artificial e alerta sobre ameaça de vídeos falsos

O presidente do STF, o ministro Luís Roberto Barroso, destacou os desafios e perigos relacionados à inteligência artificial (IA), com destaque para a ameaça representada pelas deep fakes, que são vídeos manipulados digitalmente. A exposição do magistrado sobre esse tema ocorreu durante a abertura do evento “Os impactos da inteligência artificial no constitucionalismo contemporâneo”, realizada nesta segunda-feira (19) no auditório do Supremo, em Brasília.

Durante a abertura do evento “Os impactos da inteligência artificial no constitucionalismo contemporâneo”, realizada nesta segunda-feira (19) no STF, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, ressaltou os desafios e perigos relacionados à inteligência artificial (IA), com destaque para a ameaça representada pelas deep fakes, que são vídeos manipulados digitalmente.

Barroso declarou que essas tecnologias comprometem diretamente a liberdade de expressão por permitirem a criação de vídeos nos quais pessoas aparecem falando ou realizando coisas que nunca fizeram, sem que seja possível identificar a manipulação a olho nu.

“Agora temos o deep fake, que tem a capacidade de me colocar aqui falando coisas que eu nunca falei sem que seja possível detectar a olho nu e isso é gravíssimo porque compromete a liberdade de expressão”, disse.

Além disso, o ministro alertou para outros impactos negativos da IA, como a desinformação em massa e o chamado bullying. Ele apontou que, apesar dos riscos evidentes, a regulação da IA é uma tarefa complexa, dado que muitas das implicações futuras dessa tecnologia ainda não são conhecidas pelos usuários e pelos próprios formuladores da ferramenta.

“A IA oferece sim riscos, mas é muito difícil regular algo que nós não sabemos direito o que está ainda por vir, mas existem valores que não podemos perder de vista, sendo eles: os direitos fundamentais, como a privacidade, liberdade de expressão, tem a proteção à democracia, com os riscos da desinformação e ataques”, apontou ele.

Barroso ainda explicou que a mudança mais significativa trazida pela IA até agora foi o advento da inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, que é capaz de criar conteúdos de forma autônoma.

“Essa é uma transformação muito profunda”, disse ele.

Ele destacou que a IA não possui discernimento moral ou ético, não distinguindo entre certo e errado ou bom e ruim, sendo inteiramente dependente da ótica de cada humano.

“A partir do momento que as decisões mais importantes das nossas vidas forem tomadas fora da gente, rompeu-se um dos pilares que nós fomos educados”, concluiu Barroso.

 

Créditos da imagem: Divulgação/Commons

Escrito por: Rafael Ajooz