Missão da ONU relata violência e repressão na Venezuela Pós-Eleições: 23 mortes e mais de 1260 detidos

A missão independente da ONU para a determinação de fatos na Venezuela informou nesta segunda-feira (12) que 23 pessoas morreram e pelo menos 1260 foram detidas desde as eleições presidenciais de 28 de julho. A equipe também recebeu informações de que há 100 crianças e adolescentes entre os detidos no contexto dos protestos.

A ONU constatou que os protestos pós-eleitorais deram início a uma severa repressão por parte do Estado, dirigida por suas mais altas autoridades, criando um clima de medo generalizado.

A maioria das 23 mortes registradas entre 28 de julho e 8 de agosto foram causadas por disparos de armas de fogo. Em 18 casos, as vítimas eram homens com menos de 30 anos.

A presidente da missão, Marta Valiñas, pediu que as mortes sejam “investigadas minuciosamente” e que, se houver confirmação do uso abusivo da força letal pelas autoridades ou a participação de civis armados com conivência oficial, os responsáveis sejam devidamente responsabilizados.

Os levantamentos da missão, baseados na análise de dados de organizações de defesa dos direitos humanos, revelam que as prisões compartilham elementos comuns, como audiências virtuais sumárias em tribunais em Caracas, acusações de graves responsabilidades penais como terrorismo, conspiração e crime de ódio, muitas vezes sem provas suficientes, e a falta de informação para os familiares e a escolha de advogados pelos detidos.

Entre os presos estão membros e simpatizantes de partidos opositores, jornalistas e defensores dos direitos humanos, considerados opositores pelas autoridades.

A missão também recebeu informações “especialmente preocupantes” sobre a detenção de mais de 100 crianças e adolescentes, acusados dos mesmos “crimes graves” que os adultos, e que estariam sem a presença de pais ou responsáveis durante os procedimentos judiciais.

 

Por: Luiza Torrão

Foto: Pedro Rances Mattey/Anadolu via Getty Images