Epidemiologista alerta que nova cepa da mpox é ‘bomba-relógio’ que ‘tem potencial de se espalhar globalmente’
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou, nesta quarta-feira (9), que um comitê do órgão irá se reunir “o mais breve possível” para avaliar se a alta de casos de Mpox na África, causados por uma cepa mais grave do vírus, e o risco de uma nova disseminação global representam uma emergência de saúde pública de importância internacional, o nível mais alto de alerta da organização.
Em entrevista recente ao jornal O GLOBO, o diretor executivo da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI), Richard Hatchett, que esteve no Rio de Janeiro no fim de julho para a 2º Cúpula Global de Preparação para Pandemias, já havia alertado sobre os riscos de uma nova onda da Mpox.
“A Mpox é uma doença que foi amplamente vista na Nigéria e na África Central, particularmente na República Democrática do Congo (RDC), mas rara por um longo tempo. O que mudou e resultou no aumento global em 2022 foi que o vírus encontrou seu caminho por redes de transmissão sexual. Era uma questão de tempo até que, como o HIV, essas redes começassem a se conectar em uma transmissão global”, explicou o epidemiologista.
“Mas temos dois clados (cepas) do vírus, o que causou o surto de 2022 é o menos virulento, da Nigéria. Já a forma da doença na República Democrática do Congo (RDC) tem uma taxa de mortalidade que pode ser até 10 vezes maior. E o preocupante neste momento é que esse outro clado também encontrou seu caminho para a transmissão sexual. Então estamos olhando para uma potencial bomba-relógio em que a forma mais perigosa da doença agora tem o potencial de explodir e se espalhar globalmente”, acrescentou ele.
Durante uma coletiva nesta quarta-feira (7), o diretor da OMS afirmou que, apesar da Mpox seja endêmica na RDC, o país vive um surto neste ano que já deixa mais de 14 mil infectados e 511 mortos. Para efeitos de comparação, a disseminação global em 2022, que atingiu todos os continentes habitados, provocou 85 mil casos, mas somente pouco mais de 120 óbitos naquele ano.
“Surtos de Mpox têm sido registrados na RDC há décadas, e o número de casos registrados a cada ano tem aumentado de forma constante. No entanto, o número de casos registrados nos primeiros seis meses deste ano é igual ao número registrado em todo o ano passado, e o vírus se espalhou para províncias anteriormente não afetadas”, explicou Tedros.
Créditos da imagem: Divulgação/Commons
Escrito por: Rafael Ajooz