EUA voltam a criticar falta de transparência nas eleições da Venezuela: ‘Estamos observando’

O governo dos Estados Unidos expressou críticas à falta de transparência nas eleições da Venezuela. Em coletiva na quarta-feira (31), o porta-voz para assuntos de segurança, John Kirby, voltou a exigir a divulgação dos dados detalhados pelo Conselho Eleitoral venezuelano, que declarou a vitória do presidente Nicolás Maduro.

“Quero ressaltar que nossa paciência e a da comunidade internacional está se esgotando. Ela está se esgotando para esperar que as autoridades eleitorais venezuelanas sejam honestas e divulguem os dados completos e detalhados sobre esta eleição para que todos possam ver os resultados”, disse Kirby. “Estamos observando”, frisou.

Kirby mencionou o relatório do Carter Center, que afirmou que o pleito na Venezuela não atendeu aos padrões internacionais de integridade eleitoral, qualificando o processo como não democrático.

O porta-voz destacou a séria preocupação de Washington com os relatos de violência, detenções e vítimas nos protestos por todo o país. Kirby também mencionou os mandados de prisão emitidos por Maduro contra líderes da oposição, responsabilizando-os pelas manifestações.

“Condenamos a violência política e a repressão de qualquer tipo. Nossos corações estão com todas as famílias que perderam um ente querido ou estão enfrentando ferimentos dos quais precisam tentar se recuperar”, declarou Kirby.

A contestação dos resultados das eleições ocorre em meio a rumores de fraude na apuração realizada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), favorável a Maduro. Segundo a contagem oficial, Maduro obteve 52,21% dos votos, enquanto Edmundo González ficou com 44,2%. A oposição alega ter provas da vitória de González.

A apuração também é questionada por governos internacionais, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Chile, Argentina, Uruguai, Equador, Peru e Colômbia, além da União Europeia. Todos pedem a divulgação das atas, que mostram a veracidade da contagem de votos. O Brasil também fez essa solicitação.

Apesar de não reconhecer o resultado das eleições venezuelanas, o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) rejeitou, por falta de votos, uma resolução que aumentaria a pressão sobre a Venezuela. Foram 17 votos a favor do texto, 17 abstenções – incluindo o Brasil – e cinco delegações ausentes.

A resolução determinava que a Venezuela publicasse imediatamente os resultados da votação em nível de cada seção eleitoral e realizasse uma verificação abrangente dos resultados na presença de organizações de observação independentes, além de destacar a importância de preservar as urnas.