‘Legado olímpico’: Com oito anos de atraso, despoluição da Baía de Guanabara começa a avançar

Águas poluídas impróprias para banho começam a dar lugar para um retorno da vida marinha na cidade do Rio de Janeiro. Após 8 anos dos Jogos Olímpicos, os primeiros resultados do processo de despoluição da Baía de Guanabara começaram a aparecer recentemente.

O principal trunfo do projeto olímpico brasileiro a fim de convencer o Comitê Olímpico Internacional (COI) a selecionar o Rio de Janeiro como sede dos jogos de 2016 era a transformação da cidade em decorrência do evento. Nesse sentido, a despoluição da Baía de Guanabara seria o grande legado das Olimpíadas para os cariocas.

À época, a meta era despoluir ao menos 80% da Baía de Guanabara. Esse número, contudo, nunca foi alcançado, nem se chegou perto disso. A realidade é que, 5 anos após os Jogos do Rio, reportagens da Globo Rio revelaram que a qualidade da água havia piorado e que as promessas nunca foram, de fato, cumpridas.

O Programa de Despoluição da Baía da Guanabara (PDBG) foi lançado em 1994. Quando o Rio foi escolhido como sede olímpica, em 2009, o projeto original já estava paralisado há dois anos. Naquele ano, o governo do estado teve problemas para construir a rede coletora de esgoto que ligaria moradias às novas estações de tratamento.

Conforme dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2022, as estações de tratamento de esgoto que participavam do PDBG funcionavam apenas com 33,98% da sua capacidade inicial.

Para as Olímpiadas de 2016, uma das iniciativas foi construir ecobarreiras nos rios que deságuam na Baía. O objetivo era segurar o lixo antes dele chegar ao corpo hídrico. O governo também passou a usar ecobarcos, que tinham como função recolher resíduos flutuantes que ultrapassassem as barreiras artificiais.

As duas ações permitiram pequenos avanços, porém sem a efetividade necessária para garantir a despoluição. Os ecobarcos não davam conta da quantidade de lixo que vinha pelos rios, e as ecobarreiras se romperam diversas vezes em decorrência das chuvas mais volumosas.

“Embora esses investimentos tenham contribuído para a coleta de lixo superficial, não geraram impactos significativos para a despoluição da Baía como um todo”, apontou o estudo da Fundação Getúlio Vargas sobre os impactos dos Jogos Olímpicos do Rio.

Créditos da imagem: Divulgação/Commons

Escrito por: Rafael Ajooz