Advogada revela que ex-sócia recebia orientações de Ramagem para inocentar Flávio Bolsonaro

Juliana Bierrenbach, advogada que defendeu o senador Flávio Bolsonaro no caso da rachadinha da Alerj, revelou em entrevista ao jornalista Guilherme Amado do site Metrópolis nesta terça-feira (16) que recebeu três relatórios por meio do WhatsApp de sua ex-sócia, Luciana Pires, contendo orientações sobre como buscar provas para anular as investigações contra Flávio.

Luciana Pires, que anteriormente mencionou ter recebido relatórios de Alexandre Ramagem, então diretor da Abin no governo Bolsonaro, encaminhou os documentos a Juliana. Segundo Bierrenbach, foram três relatórios enviados por Luciana, embora ela não possa confirmar a autoria específica dos documentos.

Em agosto de 2020, Juliana Bierrenbach participou de uma reunião no Palácio do Planalto com Luciana Pires, Flávio Bolsonaro, Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem e o ex-ministro do GSI Augusto Heleno. Nesse encontro, gravado secretamente por Ramagem, discutiram-se estratégias para uma contrainvestigação visando anular o caso do senador, baseada em supostas irregularidades da Receita Federal.

“Luciana Pires me encaminhou [os relatórios] por WhatsApp, e eu recebi isso dela. Agora, não posso afirmar se foram escritos por ela, por Ramagem, pela Abin, por Flávio. Foi enviado por ela. O fato de ela mencionar Ramagem é confirmado”, afirmou Juliana.

Os documentos da Abin detalhavam uma suposta organização criminosa dentro da Receita Federal, acusada pelos advogados de Flávio de realizar acessos ilegais aos dados fiscais do senador para embasar o inquérito das rachadinhas.

Juliana Bierrenbach comentou na entrevista que considerou os relatórios “tolos, muito tolos”, e que já havia se reunido anteriormente com o chefe da Receita Federal à época, José Barroso Tostes Neto, antes de ter tido acesso aos documentos.

“Era um documento que, talvez viesse da Abin, que me identificava com o codinome ‘Juliete’, pelo amor de Deus. Foi uma decisão equivocada, não tinha como levar aquilo a sério”, acrescentou a advogada.

Juliana Bierrenbach enfatizou que nunca entendeu os relatórios como sendo da Abin e que não viu utilidade nas orientações recebidas de Luciana Pires contra o caso das rachadinhas.