Manto Tupinambá, devolvido ao Brasil pela Dinamarca, ‘pediu’ para ser trazido de volta
Em consulta espiritual com o Cacique Babau (Rosivaldo Ferreira da Silva), um símbolo da cultura tupinambá, que estava desde o século XVII no Nationalmuseet, em Copenhague, na Dinamarca, teria “pedido” para ser trazido de volta. É o que diz Glicéria Tupinambá, antropóloga em formação e artista plástica que há anos visitou e “escutou” mantos de seu povo expostos em
museus da Itália, da Suíça e da Bélgica.
Culturalmente, para os tupinambás, o manto feito com penas de pássaros guarás — ave com plumagem na coloração vermelha — é como um ancião multicentenário; não apenas um objeto sagrado.
Nesta quinta-feira (11), nas redes sociais, outros integrantes do Povo Tupinambá de Olivença, na Bahia, alegraram-se com a chegada do manto sagrado, mas se frustraram em seguida porque não puderam colocar em prática os rituais considerados
necessários para recebê-lo: “O manto retornou para nós, mas ainda não foi recepcionado pelo nosso povo de acordo com nossas tradições. Este manto de mais de 300 anos é um ancião sagrado que carrega consigo a história e a cultura de nosso povo (…) Reiteramos firmemente que nossa relação com o manto deve ser respeitada”, diz um trecho do pronunciamento.
O artefato histórico é o único dos dez espalhados pela Europa a voltar para o Brasil e tem previsão de ser exposto no Museu Nacional.
Por: Ágatha Araújo
Foto: Museu Nacional da Dinamarca