Corregedoria aponta que PMs que abordaram adolescentes negros estrangeiros não usavam câmeras corporais
A Corregedoria da Polícia Militar apura a possível ausência de câmeras corporais no uniforme dos agentes que abordaram cinco
jovens em Ipanema na última semana. Uma investigação feita a cargo da Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat) pontuou que os PMs estavam sem o equipamento, ao contrário do que informou a corporação inicialmente. Item obrigatório no uniforme, a ausência de câmera é considerada uma “falta grave” pela Corregedoria.
“Cabe ressaltar que a SEPM não compactua com desvios por parte de seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando
constatados os fatos. A Polícia Militar segue colaborando integralmente com a investigação realizada pela Polícia Civil”, diz
trecho da nota da PM.
Na quinta-feira (11), um dos PMs que participou da ação compareceu à Deat, no Leblon, e negou, em depoimento, que
tenha agido de forma racista. O sargento da PM Sérgio Regattieri, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora do Vidigal, contou que recebeu uma denúncia de que um turista teria sido assaltado por um grupo de jovens, com as mesmas características dos
adolescentes, na orla de Ipanema. Segundo ele, o turista relatou aos policiais que os menores estariam armados com facas.
Já os adolescentes contaram, em depoimento, que durante a abordagem os PMs perguntavam o tempo todo “Cadê? Cadê?”,
mas que eles não estavam entendendo. Eles relataram ainda que foram colocados contra o muro do edifício e revistados, e que
durante o procedimento tiveram as partes íntimas tocadas pelos policiais.
Por: Ágatha Araújo
Foto: reprodução