Diplomatas não permitem que filhos vítimas de abordagem racista prestem depoimento à Polícia Civil; jovens vão depor no Itamaraty

Os diplomatas do Gabão e de Burkina Faso — pais de 2 dos 4 meninos abordados pela Polícia Militar na última semana, em Ipanema, na Zona Sul do Rio — não permitiram que os seus filhos prestassem depoimento à Polícia Civil do RJ.

Neste final de semana, os representantes das duas diplomacias africanas afirmaram que os jovens só falarão ao Itamaraty e com a presença de uma psicóloga. No domingo (7), pessoalmente, o embaixador do Gabão no Brasil, Jacques Michel Moudouté-Bell, esteve na Delegacia de Apoio ao Turismo (Deat) e avisou que não iria levar seu filho para depor.

Jacques Michel enviou uma carta ao Itamaraty protestando contra a abordagem, que considerou racista.

Num vídeo de uma câmera de segurança, agentes da Polícia Militar são vistos apontando armas nos rostos dos jovens, todos menores de idade, e empurrando os adolescentes para a parede. Os policiais, inscritos na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Vidigal deverão prestar depoimento na próxima quarta (10).

Eles terão que explicar, por exemplo, se é comum aquele tipo de abordagem e o motivo de eles terem interpelado os 4 rapazes — 3 deles negros.

Por: Ágatha Araújo

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