Traficantes da Maré e milícia podem ter se aliado para clonar carros da polícia do Rio, aponta investigação

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga uma possível aliança entre traficantes da Maré e milicianos para clonar viaturas da polícia. Luiz Gustavo da Silva Rosa, conhecido como Bicheiro, suspeito de integrar a facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP), está sendo apontado como responsável pela clonagem de duas viaturas da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Essas viaturas foram apreendidas em um sítio em Seropédica, na Baixada Fluminense.

Bicheiro, que possui dois mandados de prisão por homicídio e tráfico de drogas, é suspeito de estar envolvido com uma das três milícias que disputam territórios entre Santa Cruz, Campo Grande, e as cidades de Seropédica e Nova Iguaçu. Ele teria organizado a clonagem das viaturas, que inicialmente foram pintadas na mesma cor das picapes oficiais da Polícia Civil em algum local da Favela da Maré, e posteriormente transportadas para o sítio em Seropédica para serem adesivadas e finalizadas.

A polícia acredita que esses veículos clonados seriam utilizados por milicianos para invadir áreas controladas por grupos rivais. Durante uma operação realizada nesta sexta-feira, policiais de três unidades especializadas da Polícia Civil — Delegacia de Combate às Ações Criminosas e Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), Delegacia de Repressão às Ações Criminosas e de Inquéritos Especiais (Draco-IE), e Core — encontraram as falsas patrulhas e uma Duster branca escondidas em uma mata, cobertas por uma lona. Os criminosos fugiram ao perceberem a chegada dos agentes.

Luiz Gustavo da Silva Rosa é suspeito de chefiar o tráfico no Parque Mambucaba, em Angra dos Reis, na Costa Verde. Em 2020, ele foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como mandante de um homicídio relacionado a problemas na compra ou venda de drogas. Atualmente, Bicheiro estaria escondido na Favela da Maré, em uma área controlada pelo TCP, e possivelmente aliado aos milicianos conhecidos como Bigode e Vitinho. Estes dois são homens de confiança de Jefferson Araújo dos Santos, o Chica, que liderava a milícia em parte de Seropédica até ser preso no dia 29 de abril, após um estudante ser atingido por balas perdidas durante um confronto entre grupos rivais no centro do município.

Além da milícia de Chica, outras duas milícias operam na região que divide Nova Iguaçu e Seropédica da Zona Oeste do Rio. Gilson Ingrácio de Souza Junior, o Juninho Varão, é apontado como chefe de uma milícia que atua em bairros de Nova Iguaçu, como Valverde, Cabuçu e K-32. Em Santa Cruz e Campo Grande, operam remanescentes da quadrilha de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que se entregou à Polícia Federal em dezembro. Em Seropédica, milicianos conhecidos como Vitinho e Bigode também estão ativos.