Miguel Gutierrez, ex-CEO das Lojas Americanas, está foragido e é alvo de ação da PF

Nesta quinta-feira (27), a Polícia Federal iniciou a operação Disclosure, contra as fraudes contábeis nas Lojas Americanas que, segundo as investigações, chegaram a R$ 25 bilhões. Estão foragidos o ex-CEO Miguel Gutierrez e Anna Christina Ramos Saicali, uma de suas diretoras.

A corporação saíram para cumprir 15 mandados de busca e apreensão contra outros ex-executivos do grupo. A 10ª Vara Federal Criminal ainda determinou o bloqueio de R$ 500 milhões em bens dos envolvidos. As informações que deram base de busca aos agentes foram fornecidas pelas delações premiadas de Marcelo Nunes, que foi diretor financeiro da empresa, e Flávia Carneiro, ex-diretora da B2W. Elas foram fundamentais mas também corroboradas pelo conjunto das investigações dos policiais.

De acordo com o material em mãos da PF, as fraudes eram discutidas por email e por trocas de mensagens de WhatsApp. A fraude consistia em maquiar os resultados financeiros do conglomerado a fim de demonstrar um falso aumento de caixa e consequentemente valorizar artificialmente as ações das Americanas na bolsa. Com esses números manipulados, segundo a PF, os executivos recebiam bônus milionários por desempenho e obtiam lucros ao vender as ações infladas no mercado financeiro.

A “camuflagem” foi descoberta a partir de duas operações:

  • Risco sacado: antecipação do pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto a bancos;
  • Verba de propaganda cooperada (VPC): incentivos comerciais que geralmente são utilizados no setor, mas no presente caso eram contabilizadas VPCs que nunca existiram.

A operação foi nomeada Disclosure em função do uso do termo no mercado de capitais referente ao fornecimento de informações para todos os interessados na situação de uma companhia, e tem relação com a necessidade de transparência das empresas de capital aberto.

Por: Ágatha Araújo

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