SUS registra 14 mil casos de internação por queimadura de crianças e adolescentes em 2 anos

Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) revelou que, nos últimos dois anos, cerca de 14 mil crianças e adolescentes foram internados no Sistema Único de Saúde (SUS) devido a queimaduras graves. Em 2022, foram registrados 6.924 casos e, em 2023, 6.981, o que representa uma média de 20 hospitalizações diárias para a faixa etária de zero a 19 anos. A pesquisa abrangeu apenas casos graves, que necessitam de acompanhamento hospitalar.

Crianças de 1 a 4 anos são as mais afetadas, somando 6,4 mil internações nos dois anos analisados. As outras faixas etárias registraram: 2.735 casos entre 5 e 9 anos, 1.893 entre 15 e 19 anos, 1.825 entre 10 e 14 anos, e 1.051 entre menores de um ano.

O ranking de internações por estados é liderado pelo Paraná, com 1.730 registros, seguido por São Paulo (1.709), Bahia (1.572), Rio de Janeiro (1.126) e Minas Gerais (1.006). Regionalmente, houve aumento de hospitalizações no Norte (de 570 para 575), no Nordeste (de 1.899 para 2.038), no Sudeste (de 2.093 para 2.124) e no Sul (de 1.573 para 1.607). Apenas a Região Centro-Oeste apresentou queda nas internações, de 789 para 637.

O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde indica que, nos anos de 2022 e 2021, cerca de 700 crianças e adolescentes morreram em decorrência de queimaduras.

O presidente da SBP, Clóvis Francisco Constantino, destacou que a maioria dos acidentes com queimaduras em crianças pequenas ocorre por descuido dos adultos. Ele ressaltou a importância da vigilância constante dos pais e responsáveis para prevenir esses acidentes.

A presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento às Causas Externas na Infância e Adolescência da SBP, Luci Pfeiffer, alertou que a atenção deve ser redobrada durante os festejos juninos, que se estendem de junho a agosto em muitos municípios. Ela enfatizou que, em geral, 80% das queimaduras em crianças até quatro anos ocorrem na cozinha, sugerindo a instalação de portões para impedir o acesso das crianças a esse ambiente quando alimentos estão sendo preparados.

Luci Pfeiffer também chamou a atenção para os riscos associados ao uso de fogos de artifício e fogueiras durante as festas juninas, que podem causar queimaduras graves e outras lesões severas. Ela destacou que fogos de artifício não devem ser manuseados por crianças e adolescentes e que as fogueiras devem ser cercadas para evitar acidentes.

Para mais orientações sobre como prevenir acidentes com queimaduras, a SBP disponibiliza informações detalhadas em seu site.

 

Foto: Agência Brasil