Novo estudo explica porque dormir pouco pode prejudicar a memória

Uma descoberta publicada na revista científica Nature, desta quarta-feira (12), diz que privação de sono pode prejudicar a memória de longo prazo. Além disso, mesmo uma boa noite de sono após uma noite mal dormida não é o suficiente para corrigir o sinal cerebral relacionado à memória.

Os neurônios no cérebro estão conectados entre si e, frequentemente, trabalham juntos em padrões repetitivos, como “ondulação de ondas agudas”. Nesse padrão, um grande grupo de neurônios dispara ao mesmo tempo, ocorrendo em uma área do cérebro chamada hipocampo, essencial para a formação da memória. Além disso, estudos sugerem que esses padrões podem ajudar na comunicação com o neocórtex, onde as memórias de longo prazo são armazenadas.

Pesquisas anteriores já tinham notado que essas ondulações de ondas agudas acontecem durante o sono profundo e, também, quando estamos acordados. Quando as ondulações acontecem durante o sono, elas podem ser importantes para transformar o conhecimento de curto prazo em memórias de longo prazo.

A partir disso, e para entender melhor como a privação de sono pode afetar a memória, os pesquisadores decidiram registrar a atividade do hipocampo em sete ratos enquanto eles exploravam labirintos ao longo de várias semanas. Alguns desses animais tiveram seus sonos perturbados regularmente por intervenções dos cientistas, enquanto outros puderam dormir à vontade.

Segundo os pesquisadores, os ratos acordados repetidamente tiveram níveis semelhantes e, até o mesmo, mais elevados de atividade de ondas agudas do que os roedores que dormiram normalmente. Porém, essas ondulações foram mais fracas e menos organizadas, o que indica uma diminuição na repetição dos padrões de disparo dos neurônios.

Depois que os ratos privados de sono puderam se recuperar da intervenção, os padrões neurais anteriores foram recuperados, mas não atingiram os mesmos níveis dos ratos que puderam dormir normalmente, sem interrupções.

Segundo o neurocientista da Universidade da Califórnia, em São Francisco, Loren Frank, que não esteve envolvido nesse estudo

“as memórias continuam a ser processadas depois de vivenciadas e que o processamento pós-experiência é realmente importante”.

Em entrevista ao site da revista Nature, o especialista afirmou que essa descoberta poderia explicar por que estudar muito antes de uma prova ou passar a noite inteira acordado estudando pode ser uma estratégia ineficaz.

Além disso, na visão de György Buzsáki, neurocientista de sistemas da NYU Langone Health em Nova Iorque, que tem pesquisado estas explosões desde a década de 1980, a interrupção do sono pode ser usada para evitar que memórias traumáticas sejam armazenadas a longo prazo.

Por: Carolina Cordeiro

Imagem: Reprodução internet