Após implementação de câmeras em policiais, número de operações caem 29%

A Polícia Militar do Rio de Janeiro enviou dados ao Ministério Público, revelando uma redução de 29% nas operações da tropa de elite nos primeiros cinco meses de 2024. Essas informações foram transmitidas com análise no Supremo Tribunal Federal, que aborda medidas para combater a letalidade policial.

Os números referem-se às forças subordinadas ao Comando de Operações Especiais, como o BOPE, envolvido em uma operação recente no Complexo da Maré. Especialistas em segurança observam que as câmeras podem ter impactado o comportamento da corporação, mas ressaltam a necessidade de mais estudos para confirmar essa correlação. O acessório foi aplicado no dia 8 de janeiro.

“Estou vendo uma mudança para um padrão mais qualitativo de ações. O que precisamos ter é sempre uma polícia mais cuidadosa, cautelosa, e não menos eficiente, com um aperfeiçoamento da força — diz o coronel da reserva Robson Rodrigues, bacharel em Direito e ex-chefe do Estado Maior da PM.”

O ex-secretário nacional de Segurança José Vicente da Silva concorda que as câmeras podem ter influenciado o número de operações, mas alerta que os dados de efetividade policial precisam ser acompanhados.

“As câmeras tiveram impacto muito significativo. É preciso analisar se isso está influenciando uma redução da atividade policial, como no caso de prisões e apreensões de armas, o que poderia ser um problema — alerta José Vicente.”

A Polícia Militar nega que o uso das câmeras operacionais portáteis (COPs) tenha influenciado o número de operações, enfatizando que estas são planejadas com base em análises estratégicas e necessidades detectadas por trabalhos de inteligência. O objetivo principal das operações é alcançar resultados efetivos, como prisões e apreensões de materiais ilícitos. Embora maio tenha registrado um aumento de 19% nas operações em comparação com 2023, abril teve uma redução de 54% após a troca de comando na corporação.

Por Carlos Palermo

Foto: Governo/Divulgação