Ministros israelenses ameaçam derrubar governo caso plano de cessar-fogo em Gaza seja aceito

A proposta de cessar-fogo apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visando encerrar o conflito entre Israel e Hamas, enfrenta forte resistência dentro do governo israelense. No domingo (2), dois ministros ameaçaram renunciar e desestabilizar a coalizão governamental do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu caso o acordo seja implementado.

“Deixei claro ao primeiro-ministro que não farei parte de um governo que concorde com o esboço proposto e encerre a guerra sem destruir o Hamas e libertar todos os reféns. Exigimos a continuidade dos combates até a destruição do Hamas, a liberação de todos os reféns e a criação de uma nova realidade de segurança em Gaza”, afirmou o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich.

O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, também expressou sua oposição, classificando o acordo como “imprudente” e “uma vitória para o terrorismo”.

“Se o primeiro-ministro implementar este acordo nas condições publicadas, o Otzma Yehudit dissolverá o governo”, declarou, referindo-se ao partido que apoia a coalizão de Netanyahu.

Por outro lado, o líder da oposição, Yair Lapid, criticou os comentários dos ministros e ofereceu apoio ao premiê para a aceitação do cessar-fogo. Segundo Lapid, as ameaças de Smotrich e Ben Gvir negligenciam a segurança nacional, dos reféns e dos moradores.

“Este é o pior e mais imprudente governo da história do país. Para eles, a guerra será eterna. Responsabilidade zero”, afirmou.

Até o momento, Netanyahu não se pronunciou oficialmente sobre o acordo. Apenas reafirmou que Israel não encerrará a guerra em Gaza até que o Hamas seja destruído. Em entrevista ao jornal britânico Sunday Times, o assessor Ophir Falk mencionou que a proposta de Biden era um “acordo com o qual o governo concorda”.

Plano de Biden

O plano de cessar-fogo de Biden é dividido em três fases. A primeira inclui a retirada das tropas israelenses de áreas densamente populadas de Gaza e a libertação de reféns pelo Hamas – especialmente mulheres, idosos e crianças – em troca da soltura de prisioneiros palestinos. Corpos de vítimas também devem ser entregues às respectivas famílias.

Na segunda fase, o acordo prevê a libertação de todos os reféns vivos, incluindo soldados israelenses, pelo Hamas, e o recuo das forças israelenses, promovendo o fim permanente das hostilidades.

A terceira etapa concentra-se na reconstrução de Gaza, devastada pela guerra. Este processo será apoiado internacionalmente, incluindo pelos Estados Unidos, e ocorrerá sem o Hamas no poder, atendendo às exigências de Israel.

“Este é realmente um momento decisivo. O Hamas diz que quer um cessar-fogo. Este acordo é uma oportunidade para provar se eles realmente querem isso de fato”, declarou Biden. “Pedi à liderança em Israel que apoie este acordo, independentemente de qualquer pressão política”, completou o presidente dos EUA.

 

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