Covid: uma em cada 20 pessoas apresenta sintomas três anos após infecção

De acordo com uma pesquisa publicada na revista Nature Medicine, uma em cada 20 pessoas ainda apresenta sintomas da Covid-19 três anos após a infecção. O estudo, que monitorou 135 mil norte-americanos, descobriu que problemas respiratórios e neurológicos são os mais comuns entre os infectados pelo vírus em 2020.

A pesquisa acompanhou um grupo de 135 mil norte-americanos, divididos da seguinte forma:
– Grupo não hospitalizado com Covid-19: 114.864 participantes, sendo 12% mulheres e 88% homens;
– Grupo hospitalizado com Covid-19: 20.297 participantes, sendo 5,8% mulheres e 94,2% homens;
– Grupo controle (sem infecção): 5.206.835 participantes, sendo 9,7% mulheres e 90,3% homens.

Os resultados indicaram que pessoas hospitalizadas devido à Covid-19 apresentaram um risco 34% maior de desenvolver sintomas persistentes. O risco de ainda estarem com sintomas um ano após a infecção era de 23%, e após dois anos, de 16%.

Mesmo aqueles que não foram hospitalizados apresentaram problemas de saúde relacionados à Covid. Entre as doenças identificadas após a infecção, estava o diabetes, que pode reduzir a expectativa de vida em até dez anos. “Embora a prevenção de doenças graves seja importante, também são necessárias estratégias para reduzir o risco de perda de saúde pós-aguda e de longo prazo em pessoas com Covid leve”, destacaram os pesquisadores.

### Persistência dos Sintomas

“Não sabemos ao certo por que os efeitos do vírus duram tanto tempo. Possivelmente, tem a ver com persistência viral, inflamação crônica, disfunção imunológica ou tudo isso junto”, afirmou Ziyad Al-Aly, epidemiologista clínico da Universidade de Washington e autor-sênior do estudo.

“A Covid é uma séria ameaça à saúde e ao bem-estar das pessoas a longo prazo. Mesmo três anos depois, você pode ter esquecido da Covid, mas ela não esqueceu de você. As pessoas podem pensar que estão fora de perigo porque tiveram o vírus e não tiveram problemas de saúde, mas, mesmo após a infecção, o vírus pode estar causando estragos no intestino, pulmões ou cérebro”, alertou Al-Aly.

Os autores observaram que o estudo analisou dados de veteranos militares, uma amostra composta majoritariamente por homens mais velhos e brancos. Por isso, os resultados podem não refletir a realidade de outras populações.