IA deve gerar mais de 26 milhões de empregos, mas Brasil pode ficar de fora por baixo investimento em ciência e tecnologia

Executivos de Gerdau, Serasa, Porto e Lide que formam o MBC (Movimento Brasil Competitivo) querem demonstrar que é possível que a inteligência artificial gere empregos a partir do ganho de competitividade na economia, ao invés de substituir os humanos nos postos de trabalho.

Segundo a consultoria Ducker Frontier, seriam 26 milhões de empregos gerados com a tecnologia até 2030 no melhor cenário. O compilado do MBC também cita a OIT (Organização Internacional do Trabalho):

“O maior impacto da IA não está relacionado à destruição do emprego, mas sim às mudanças potenciais na qualidade dos postos de trabalho, em particular a intensidade do trabalho e a autonomia dos trabalhadores”.

Segundo a diretora-executiva do MBC, Tatiana Ribeiro, a fim de se preparar para o tsunami tecnológico que o mundo vive e conseguir se beneficiar, o Brasil precisa incluir a tecnologia no ciclo básico de educação, apostar em treinamento de profissionais especializados, moldar um ambiente institucional e legal seguro e investir em infraestrutura.

Conforme estudo do MBC, empresas podem usar a inteligência artificial para automatizar tarefas repetitivas, facilitar o acesso à informação e permitir decisões informadas. O movimento aponta que as medidas poderiam quadruplicar o nível de produtividade no Brasil.

“Essa tecnologia tem um potencial tão ou mais transformador do que resolver o chamado ‘custo Brasil’ pago pelos empresários em função da falta de infraestrutura no país”, afirma Ribeiro.

Para exemplificar, o MBC cita estudo da McKinsey que fala em redução de 20% a 50% nos erros no controle de estoque e diminuição em até 65% de vendas perdidas por indisponibilidade do produto. A manutenção antecipada do maquinário com IA resolveria outro entrave.

De acordo com estudo da consultoria PwC, novos produtos mais personalizados desenvolvidos com a tecnologia atrairiam mais o consumidor,

“A IA já melhora muito os resultados de instituições de saúde e bancos, que adotaram a tecnologia há anos no Brasil”, diz Ribeiro.

Na visão do grupo, o Brasil deveria seguir o exemplo de EUA, China e Singapura, aumentando a alocação de recursos em pesquisa e desenvolvimento de inteligência artificial, além de criar um ambiente propício para investimentos. Ribeiro afirma que a meta central  é melhorar o desenho da EBIA (Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial), a colocando em prática.

Hoje, o Brasil ocupa, segundo Índice Global de IA que abrange 62 países, a 35ª posição em investimento em pesquisa e desenvolvimento da tecnologia. O país vai ainda pior em angariar recursos: fica em 39º lugar, abaixo do vizinho Chile (30º).

Créditos da imagem: Divulgação

Por: Rafael Ajooz