Estudante negro aprovado como cotista na UFF tem matrícula rejeitada

O estudante de 22 anos, negro de pele retinta, teve sua matrícula para cursar Jornalismo rejeitada entre os cotistas da Universidade Federal Fluminense (UFF). O motivo para a matrícula de Allan Pinto Ignácio não ser aceita, é o fato do vídeo estar sem áudio.

De acordo com o Juiz Leo Francisco Giffoni, que concedeu liminar favorável à matrícula de Allan, entende que o argumento utilizado pela Universidade foi “excessivamente rigoroso e desprovido de razoabilidade”.

“O critério identitário/fenotípico deve ser utilizado exclusivamente, sendo o vídeo uma ferramenta visual para confirmar tal autodeclaração. Portanto, há uma probabilidade significativa de que o direito do autor seja reconhecido ao final do processo, uma vez que o fenótipo visível do autor no vídeo apresentado corrobora, sem margem para qualquer dúvida, sua autodeclaração como pessoa preta”, escreveu o juiz.

O jovem foi aprovado pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) em Jornalismo em 3º lugar no sistema de cotas para candidatos pretos, pardos e indígenas de baixa renda que renda que estudaram em escolas públicas.

De acordo com o que consta no processo judicial, foi anexado o vídeo enviado para a verificação e apesar do mesmo ter traços negros e pele retinta, a falta de som acarretou na matrícula rejeitada pela Comissão de Heteroidentificação. O aluno foi considerado inapto pois não falou seu nome completo e não se declarar com a frase ‘Eu me autodeclaro preto’, de acordo com o formulário eletrônico para envio de documentação da UFF.

Allan recebeu ajuda da Comissão de Combate às Discriminações da Alerj, entrando com recurso na 5ª Vara Federal de São Gonçalo requerendo que sua matrícula fosse reativada, consequentemente, a Justiça concedeu a liminar para que o direito do mesmo fosse garantido.

Porém, apesar de ter tido a liminar concedida, o estudante ficou três meses sem ter seu direito garantido pela UFF e somente nesta quinta-feira (25), teve a confirmação de sua matrícula, contudo não tem acesso a grade de aulas e as salas que deveria que frequentar.

Segundo o presidente da Comissão de Combate às Discriminações da Alerj, o deputado Josemar do PSOL, o caso do jovem seria considerado excesso de burocracia que atrapalha o objetivo das leis afirmativas.

por Giovanna Carvalho

Foto: Reprodução/Redes Sociais