Nova abordagem diagnóstica de Prisão de Ventre em crianças é validada por especialistas brasileiros
Um novo estudo liderado pelo renomado urologista pediátrico Ubirajara Barroso Jr., e recentemente publicado no Journal of Pediatric Urology, oferece uma abordagem inovadora para diagnosticar a constipação em crianças, eliminando a necessidade de procedimentos invasivos e avaliando, pela primeira vez, a intensidade do problema.
O diagnóstico preciso da constipação intestinal em crianças sempre foi um desafio devido à escassez de métodos específicos e quantitativos. O método globalmente adotado de Roma IV, baseado em seis perguntas, requer um toque retal para confirmação se apenas uma resposta for positiva. No entanto, essa abordagem, embora eficaz, não oferece uma avaliação abrangente da gravidade da constipação.
Para superar essa limitação, um estudo realizado na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, e agora publicado no Journal of Pediatric Urology, adaptou e validou o escore de Constipação de Cleveland (CCS) para uso pediátrico. Originalmente desenvolvido para adultos, o CCS é uma ferramenta abrangente que promete um diagnóstico mais preciso, eliminando a necessidade de procedimentos invasivos.
Esta nova abordagem, validada para a população pediátrica, oferece uma alternativa inovadora, permitindo uma avaliação mais detalhada da constipação em crianças a partir dos 4 ou 5 anos de idade. Ao quantificar a intensidade da constipação, o CCS emerge como uma ferramenta valiosa para o diagnóstico e acompanhamento dessa condição com maior precisão.
O Dr. Ubirajara Barroso, orientador da pesquisa, ressalta a importância da adaptação do CCS para crianças e revela que estão em andamento negociações com uma universidade americana para validar o escore em inglês, potencialmente estabelecendo-o como o novo padrão mundial. Segundo ele, essa iniciativa não só ampliará o alcance da ferramenta, mas também contribuirá para sua aceitação global, representando um avanço significativo no diagnóstico da constipação em crianças.
A coloproctologista Glícia Abreu, responsável pela pesquisa de doutorado que deu origem ao estudo, destaca a complexidade do tratamento da constipação em crianças. Ela explica que o diagnóstico atualmente é estabelecido com base nos critérios de Roma IV, os quais incluem uma série de sintomas como defecação infrequente e esforço excessivo para evacuar.
A constipação em crianças é uma condição que merece atenção, visto que um grande número delas pode sofrer recorrência após o tratamento, e uma parcela significativa pode desenvolver constipação crônica na vida adulta. Glícia também alerta sobre a hesitação dos responsáveis em manter o tratamento com laxantes, por medo de efeitos colaterais.
O Dr. Ubirajara Barroso Jr. enfatiza a relação entre constipação e incontinência urinária em crianças, destacando a importância de tratar ambos os problemas simultaneamente. Ele menciona a eletroneuroestimulação parassacral como um recurso eficaz, utilizado desde 2001 em sua equipe para tratar a incontinência urinária infantil, que também tem demonstrado eficácia no tratamento da constipação.
Em suma, essa nova abordagem diagnóstica não só promete revolucionar o diagnóstico da constipação em crianças, mas também oferecerá uma base mais sólida para o tratamento eficaz e a prevenção de complicações associadas.