Vacina terapêutica para o tratamento da dependência de cocaína e crack é finalista do Prêmio Internacional

Por Luíza Quintanilha 

Vacina brasileira é a grande aposta para o combate da dependência química. Finalista do Prêmio Euro, que reconhece o potencial de inovação dos profissionais latino-americanos de Medicina, a vacina visa amenizar os efeitos nocivos das drogas em seres humanos.  

Começando pela raiz do problema, é necessário entender que o vício é um aspecto da dependência, seja ela química, emocional, tecnológica, sexual ou de qualquer outra origem. Ela é um estado ou uma qualidade de sujeição a algo, segundo o dicionário brasileiro. 

O tratamento é feito por meio de internação do paciente, que precisa querer se submeter aos cuidados médicos e psiquicos. Com isso, um tratamento inovador abre portas para novas possibilidades.  

Coordenada pelo professor Frederico Duarte Garcia, do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina UFMG, a iniciativa trata de uma formulação terapêutica inovadora, com grande potencial no tratamento da dependência química. Ela, segundo o Professor, irá possibilitar que o paciente possa ser reinserido na sociedade.  

O projeto também concluiu as etapas clínicas, que constatam a eficácia da vacina para o tratamento e prevenção de consequências obstétricas e fetais da exposição à droga ao longo da gestação em animais.  

“A vacina impediu a ação da droga sobre a placenta e o feto. Observamos menos complicações obstétricas, maior número de filhotes e maior peso do que as não vacinadas”, afirma Frederico.   

A vacina agirá diretamente na corrente sanguínea, induzindo o sistema imunológico a produzir anticorpos que fazem ligação com a cocaína. Por meio desta, as moléculas da droga se tornam muito grandes para ultrapassar a barreira hematoencefálica, o que as impede de alcançar o cérebro e assim, o indivíduo não sentirá os efeitos de forma brusca. 

“Os nossos estudos pré-clínicos comprovam a segurança e eficácia do imunizante nessa aplicação. Ela aporta uma solução que propicia aos pacientes com dependência voltar a realizar seus sonhos”, afirma especialista.  

A vacina Calixcoca já teve sua fase de testes concluída. A equipe espera pelo financiamento para avançar com testes em humanos, que é a etapa primordial para a finalização da pesquisa e sua comercialização.

 

Foto: reprodução/hospitalsantamonica.com.br