500 homens das forças do Estado vão fazer cerco logístico na Terra Ianomâmi

Previsto para começar nesta semana, a megaoperação terá como objetivo expulsar mais de 20 mil garimpeiros ilegais que permanecem como invasores na reserva indígena. Antes do efetivo sair em campo as autoridades vão fazer o “estrangulamento logístico” com bloqueio dos acessos e desmonte dos entrepostos que abastecem os garimpos com mão de obra, combustível e alimentos. A ideia é que os criminosos se retirem do território sem emprego da força. Os primeiros garimpeiros, segundo o governo de Roraima, saíram da região no fim de semana “espontaneamente”. O ministro da Defesa, José Múcio, viajará nessa quarta-feira, ao lado de comandantes militares, para marcar o início das ações.

A primeira parte deste plano já foi posta em ação. A Força Aérea Brasileira (FAB) ativou a Zona de Identificação de Defesa Aérea (ZIDA) no espaço da região. O procedimento envolve interceptar voos suspeitos que atravessem a chamada “área vermelha”. Se o piloto não atender às ordens nem aos tiros de advertência dos jatos da FAB, a aeronave pode ser abatida no ar.

A outra parte do plano consiste em montar blitz nos rios para restringir o tráfego fluvial de balsas que transportam insumos aos garimpos. A operação de estrangulamento também envolve a atuação de três agências federais: de Petróleo (ANP), de Aviação Civil (Anac) e de Telecomunicações (Anatel). A ANP fiscaliza a comercialização de combustível para as aeronaves e motores de garimpo. A Anac rastreia as rotas aéreas e aeródromos suspeitos. E a Anatel consegue mapear por monitoramento de radiofrequência a concentração dos garimpeiros no meio da selva. Agentes de inteligência da PF, Ibama e Funai têm levantando dados sobre a localização das áreas de garimpo na reserva indígena via sistema de imagens por satélite que mostra em tempo real a presença de dragas nos rios e áreas devastadas.

Um decreto do presidente Lula também permitiu “neutralizar”, ou seja, destruir o maquinário usado no garimpo, como retroescavadeiras. As autoridades também devem tomar mais cautela em função da presença do crime organizado na região e possíveis reações por parte dos garimpeiros.

 

Foto: Reprodução Uol/Folha